Por MAIRA AMERICANO DO BRASIL

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mulher Violada

Diferente diverso discordante,luxo de ser assim,buscando a fera,   as mãos muito úmidas alisando o pêlo, tudo ao mesmo tempo adusto e verossímil.
Ao mesmo tempo Cordeiro e Tigre, nítido diagrama orvalhado de medo.
Levanta-se. Se fosse possível achar a coisa alquímica, o segredo para chegar até lá. Atravessa as três salas lhe disseram, em três estive, o vestíbulo , a sala dos ministros, o quarto...rastro de ninguem, nenhuma linha de sangue, de púrpura. E o punhall dentro da manga aberto ao acaso. Ei que lhe pergunta: O que é então o TODO?
Fonte infinitude,  rugindo, gaivota-prumo, agudez, límpido mergulho sobre eu mesmo, alguém de garras  na garganta grita: Mergulha mulher violada. Lá embaixo a resposta, aqui vive apenas o teu ser-pergunta, aqui a fanfarronice, o presépio de espuma , colocas as figuras a teu modo, caminhas entre a vaca e o jumento, desinfetas o estábulo, mas tua alma, tua fidelidade, teu grande ser transubstanciado não está aqui.
Aliso minha roupa, preparo para a execução, atravesso portas corredores, brancura das paredes estalando sobre o rosto,sim sim, vão se lembrar de mim, desse que entrou na casa do grande obscuro e cumpriu seus rituais, banhou-se de cadáveres, evocou seus medos, seus triunfos.
Eis aqui 21 problemas indecifráveis Eduardo:

1-De onde essa agonia febre-fulgor que eu carrego mil vezes cada dia?

2-Onde o meu ser primeiro,minha mais íntima assonância,minha intocada palavra?

3-E por que é pesado caminhar, como se a perna não fosse para o passo, antes como se fosse para ficar sempre parado e apenas,apenas , e acima de tudo o olhar vigiando?

4-E por que não vejo atrave´s, mas além daquele que me fala, daquele que me toca, por que não te vejo, corpo de deus, língua de deus, mão esbraseada dentro de mim, por que não te vejo?

5-E á noite, por que a noite faz desejar o vôo, lá mais além, em todos os lados, como se a carne fosse tenra, de pássaro, como se a asa fosse minha desde sempre?

6-E por que é preciso lutar CONTIGO, se ao mesmo tempo tenho fome de TI?

7-Para te engolir escorregadio, conhecendo?

8-Para que fiques dentro de mim, a boca aberta me sugando?

9-Para que eu alimente e sofra a tua fúria, os teus humores?

10-E se ficares dentro de mim, aquela que vem sempre não virá?

11-Ou se vier vem só para mim e TU te afastas e ocupas outra carcaça?

12-E não é ausência ser assim como TU és, apenas luz, e luminoso e candente gritar a cada dia: guardaivos da lascívia porque meu santuário é sagrado?

13-E por que é tão difiícil ser justo e amar o outro?

14-Já não tomaste nota de todos os meus atos há milênios e me enganas segundo por segundo para que eu te agradeça pensando que sou livre, livre até para cuspir meu ouro?


Grande Incorruptível, as outras sete devo lhe perguntar frente á frente, mas sinto que me enganas.Excelência, sou a um só tempo Javali e Borboleta, te procuro possuído de fúria e de candura, vê se meu nome não está ai em seu muro de pedra. Procura ,vamos lá, Mulher violada deve perder-se, deve torcer a alma, espancá-la e depois estendê-la nos varais,até quando tudo perder o sentido, para que fique sem resposta. Se transforme voraz e lentamente em Lobo,possui-la sem pestanejar, ser para sempre minha.

" Tudo não é. Tudo não está.
Olha a flôr e debruça-te
Sobre o que é, e não está. "
                                                                HILDA HILST

quarta-feira, 13 de abril de 2011

CEGOS

PARTE 1
 
As folhas secas caem lentas do alto.
Uma voz surge:
-Macaco você não foi feito para voar.
O vento carrega as folhas suavemente,  movimentando o corpo do bicho.
A voz insiste:
-Que fazes aqui, não percebes que depois destas pedras há somente o abismo?
-Não me peça para desistir,minhas mãos trêmulas não suportam meu peso.Devo aprender a voar.
-Bicho esquisito...- saiu curiosa, a voz.
Do outro lado da montanha haviam abismos.E  cercado por estes, o vale permanecia intacto,silencioso.
O Vento dançava com as folhas em movimento, não podia parar. Era o que sabia fazer. Movimentar suas folhas secas. Adiante um pássaro arrasta-se sobre o chão.
-Mas o que é isso...para que tens asas meu pequeno?
-Elas não me servem.
-Não fale besteiras seu Pássaro, antes do merecimento vêm a gratidão.
-Não me digas o que tenho de fazer...-Retrucou com agressividade o pobre pássaro.
-Não tenho que ouvir tanta estupidez,sou apenas Vento em movimento. Adeus!
-Se aparentas ser tão livre e sábio, por que tens medo de ver suas folhas secas derrubadas ao chão?
Não vê que somo todos infelizes, seres aprisionados em nossas missões? Você não compreende minha dor? Não vê que preciso sempre transbordar liberdade, sempre tão solitário...
-Ah pequeno Pássaro não seja estúpido! Somos criaturas em movimento, não queira responder tantas perguntas...Vê áquele pobre Macaco? Teima em voar. Pensa que não suporta seu próprio peso.
Assoprou o Vento movimentando-se em direção ao sol.
-Não vê meus amigos, somos criaturas em movimento!! Gritou o Vento com sua voz enfraquecida.
Por um momento todos pararam. Olhando profundamente o cansaço do Vento, percebendo uma inquietude similar.
-Senhores! -Eis que surge uma voz.
-Senhores!
Curioso, o Vento, não mais em moviemento não percebeu  suas folhas secas cairem sobre o chão.
-Não percebem Senhores...- Disse uma pequena Joaninha. -Estão sempre tão inquietos,querendo ser o que não são. Vossa inquietudo pôs o Vento a se angustiar, este que carrega em seu movimento, um sopro de vida. Não percebem? Não percebem o quanto são egoístas?
A Joaninha enfraquecida segue seu caminho.
O macaco distancia-se do abismo.
O Senhor Pássaro decide pousar-se sobre um galho,observando tudo de cima.
O Vento,embora quisesse seguir,não poderia. Suas folhas sobre o chão já não se movimentam na cadência de outrora. Eis que o medo surge. O silêncio diz muito sobre áquele vale.

O Macaco aproxima-se do vento envelhecido. Conta-lhe histórias de quando pairava suave e gentil sobre o que via de errado. Era em vão, o velho Vento deleita-se sobre as folhas secas.
O Pássaro cantava-lhe assobios alegres, afim de que poderiam lhe servir algum sentimento. Era em vão, o velho Vento nada sentia.
-Não vê Senhor Vento? O senhor não está sozinho. Estamos aqui...
Neste momento um Vento amigo aproxima-se, no horizonte. Fortalecido com suas folhas secas a dançar.
O velho Vento avista a cena manifestando em seu singelo movimento um último suspiro, e antes mesmo
deste Vento amigo aproximar-se, a Chuva paira sobre todos. Levando o que foi, trazendo o que tem de ser.

Pequeninas Pedras dançam juntas, pulando umas sobre as outras:
-Parecem vivas! -O Macaco diz.
-Elas não estão a nos falar? - Pergunta o Senhor Pássaro.
- São segredos !!- Lá de longe grita o Vento amigo.- Paremos para ouvi-las!

As pedrinhas saltitantes com seus movimentos engraçados aos poucos...

( cont)

Sonhos

Ainda que o tempo seja frio e seco vejo miudinhas plantas crescerem,
o tempo confuso passa com velocidade,vez ou outra compreendemos nossas intuições
e sem muitas perguntas,seguimos caminhando. É que nossos pés foram feito para correr...
A natureza ainda que suprema, têm se mostrado cansada.
Tudo que é vivo,morre.
Tudo se transforma, e seguimos ora cansados, fortalecendo o que outrora nascia. Em
idade adulta cultivamos nossa ancestralidade. Não temos como visualizar o fim de tudo,
se o sol nasce todo dia.

Para acreditar que tudo se vai...é preciso não vê-lo nascer. A estrela guia permanece quase que intacta,
e seguimos como se assim fôssemos.
Somos em si, profundidade e sabedoria...Há de se ter cautela com este mundo que gera

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mulheres que correm com o tempo

Hora de acordar.O sol encanta pássaros
Pensamento e sentimento...dois caminhos que ao se cruzarem,confundem
Hora de não pensar. O silêncio deveria  acompanhar mais vezes uma mulher.
Corremos de um lado para o outro,provando muitas coisas para muitas pessoas.Não poderia ser este o maior desejo desta mulher.
Somos Oráculos e o sol,ao nascer,procura sempre manter vivo ensinamentos que nos foram dados,
não sei ao certo como dizer tudo isso que sinto. O que sei é que me chamam os pássaros á contar seus segredos tão singelos, sempre tão certos sobre o tempo veloz.
Uma hora dessas devo lhes contar